72
Corpos falándose en linguas espello,
fillos de sefes, Lanhelas e Mogor,
en espirais de desexo
serpes somos, de antiga sabedoría,
de mil labirintos de pedra.
Serpéame, amor, no coñecemento
de ti e de min,
de todo o pasado noso,
do que foi antes de sermos
sabendo que o destino era reencontro.
Cobra de luz nas túas mans,
que moldean os meus peitos nos teus labios;
bebe de min, coma eu te bebo,
sabes que somos xa un só río.
73
E sempre o regresso ao mar,
origem da nossa carne, da lúdica luz
dos nossos corpos cheios de desejo.
Corpos de terra serpentina: abelhas
que voam (despindo-se) de uma pele
para outra — e pele é tudo
por fora e por dentro.
Assim tu saltas e eu salto
e olhas e beijas e lambes e buscas o mel
que te falta; e o amor, que foi um país estrangeiro,
dança de novo onde fomos vazios.
Ó tanta doçura, ó a bela sede que bebemos um
no outro — serpentes com a caudana boca amada —
e já voamos, e regressamos ao mar.
E sempre o regresso ao mar,
origem da nossa carne, da lúdica luz
dos nossos corpos cheios de desejo.
Corpos de terra serpentina: abelhas
que voam (despindo-se) de uma pele
para outra — e pele é tudo
por fora e por dentro.
Assim tu saltas e eu salto
e olhas e beijas e lambes e buscas o mel
que te falta; e o amor, que foi um país estrangeiro,
dança de novo onde fomos vazios.
Ó tanta doçura, ó a bela sede que bebemos um
no outro — serpentes com a caudana boca amada —
e já voamos, e regressamos ao mar.
ed. Poética ediçoes, Óbidos, Portugal, 2016